domingo, 23 de novembro de 2008

Ser pai após os 35 anos aumenta risco de anomalia


Dia notícia: Domingo, 9 de Novembro de 2008

Com o envelhecimento, a nossa capacidade reprodutiva é seriamente afectada. A própria divisão celular, necessária à concepção, está sujeita a uma maior quantidade de erros. Porém, não é só a idade da mãe que conta. Hoje sabe-se que a herança paterna não fica de fora da equação genética.
Com a alteração dos estilos de vida, a idade em que os portugueses decidem ter o primeiro filho não pára de subir. Mas se por um lado a maturidade e a ponderação económica trazem conforto às crianças, por outro, com o avançar da idade dos pais tende também a aumentar a probabilidade de os filhos nascerem com anomalias genéticas.
Ao longo dos tempos, a ciência e a medicina têm vindo a reduzir drasticamente a mortalidade e a doença de mães e bebés, tanto que, hoje em dia, uma gravidez depois dos 40 raramente constitui qualquer perigo. Até o saudável desenvolvimento dos fetos pode ser verificado através dos rastreios pré-natal. No entanto, quanto mais velhos são os pais, maior a possibilidade dos óvulos ou dos espermatozóides envolvidos na fecundação apresentarem anomalias. Normalmente, é através da mãe que surgem as maiores complicações. "De um modo geral pode dizer-se que à medida que a idade passa o risco de alterações na meiose [divisão celular] e aparecimento de número diferente de 46 cromossomas [número normal de cromossomas nas células humanas] aumenta na mulher", explica José Rueff investigador do Departamento de Genética da Faculdade de Ciências Médicas em Lisboa.
Na mulher, os oócitos (futuros óvulos) estão presentes desde o momento do seu nascimento. Depois da puberdade, amadurece por norma um óvulo por mês, preparando-se para ser fertilizado. Ora, ao fim de muitos anos os óvulos estão "velhos", condicionando uma maior possibilidade de ocorrência de erros. Ou seja, pode dar-se uma má distribuição dos cromossomas, aquando os gâmetas femininos dividem para fecundação. Um cromossoma é uma longa sequência de ADN que contém vários genes, logo, a presença de um cromossoma a mais ou a menos traz uma grande mudança na composição genética das células.
Daí que o número de abortos espontâneos e a concepção de fetos com monossomias (um cromossoma a menos) ou trissomias (um cromossoma adicional) seja mais frequente à medida que a idade da mãe aumenta. Sabemos que estamos perante uma monossomia quando temos um cromossoma a menos nas células. Porém, a única situação de monossomia compatível com a vida é uma cromossomopatia denominada síndrome de Turner, em que as raparigas nascem com menos um cromossoma X. Se bem que taxa de incidência desta monossomia não esteja relacionada com o progressivo envelhecimento dos pais. Já as trissomias estão associadas à presença de mais um cromossoma, sendo a mais conhecida a trissomia no cromossoma 21, a síndrome de Down, vulgarmente conhecido por mongolismo.
Até recentemente, ninguém associava os problemas genéticos de uma criança ao pai, mas são cada vez mais os estudos que demonstram que a contribuição masculina não pode ser retirada da equação.
De facto, a importância da influência paterna não foi antes ressalvada porque, com o avançar da idade, as modificações no esperma dos homens tendem a ser apenas ao nível dos genes e não ao nível do número de cromossomas como nas mulheres. Apesar de poderem ocorrer erros nas divisões celulares que os criam, os espermatozóides estão continuamente a ser produzidos, não tendo nascido com o homem.
Contudo, foi por não subestimar o poder da herança paterna que um estudo britânico demonstrou que pais com mais de 50 anos têm três vezes mais hipóteses de ter um filho esquizofrénico que um pai com 25 anos. Também no último número da revista Archives of General Psychiatry, surgem os resultados de uma pesquisa sueca que apontam para que filhos de pais com mais de 55 anos tenham 37% mais possibilidades de sofrer de doença bipolar. Segundo o psiquiatra José Manuel Jara, esta é uma perspectiva credível, já que a "doença bipolar é a doença psiquiátrica que tem bases genéticas maiores".

Fonte: Diário de notícias
Site da fonte:
http://dn.sapo.pt/2008/11/09/sociedade/ser_apos_35_anos_aumenta_risco_anoma.html


Células estaminais dão origem a válvulas cardíacas

Notícia dia: 31 Outubro 2008;

Avanços da medicina regenerativa debatidos em Alvor

Há seis anos que a médica suíça Dörthe Schmidt, do Hospital Médico de Zurique, luta para criar, a partir de células estaminais, válvulas cardíacas para aplicar em crianças vítimas de doenças cardiovasculares congénitas.
A especialista, uma das mais importantes a nível mundial, está em Alvor, Portimão, onde participa num encontro médico-científico internacional realizado pela InVENTS, onde serão dados a conhecer os grandes avanços realizados na área das células estaminais e e as suas múltiplas aplicações nas várias áreas da Medicina.
Dörthe Schmidt referiu ao CM que o seu grande objectivo é desenvolver uma válvula a partir de células do próprio paciente – recolhidas do cordão umbilical, aquando do parto, ou até do líquido amniótico, durante a gravidez – que possa "crescer com a criança", evitando assim submetê-la a intervenções cirúrgicas sucessivas, necessárias porque "os materiais até agora utilizados não podem crescer com o corpo". E adiantou que "1% dos recém-nascidos sofre de defeitos congénitos no coração".
A especialista já conseguiu criar válvulas e mantê-las a funcionar, em ovelhas, até quatro meses. Admite, contudo, que no prazo de dez anos essa técnica possa estar já a ser aplicada em humanos. Entretanto, continuam os ensaios de longa duração, em animais, para "garantir a segurança e o bom funcionamento das válvulas".

Reprodução nos seres vivos - Sexuadamente

A reprodução sexuada já foi referida noutro post, mas de modo muito superficial. Neste post vou explorar este tipo de reprodução mais detalhadamente.

Vou partir da noção dada no último post de que:
Reprodução sexuada -> caracteriza-se pela junção de dois gâmetas de indivíduos diferentes, na maioria. A esta fusão dá-se o nome de fecundação. Daqui resulta uma única célula, ovo ou zigoto, no qual se recombina o material genético proveniente dos dois gâmetas.

Assim, podemos dizer que a reprodução sexuada implica que ocorram 2 processos: a fecundação e a meiose.
A fecundação que consiste na união de dois gâmetas, um feminino e outro masculino, origina um ovo ou zigoto que contém cromossomas de origem materna e paterna. Cada um destes pares de cromossomas denominam-se por cromossomas homólogos. Os cromossomas homólogos tem estrutura e forma semelhantes e transportam genes com as mesmas caracteristicas.
Ou seja, para que a fecundação resulte um ovo diplóide, isto é, com o número normal de cromossomas da espécie (2n - diplóide) , torna-se necessário que cada gâmeta seja haploíde, isto é, que possua apenas metade destes cromossomas (n ). Assim, os gâmetas são formados através de um tipo especial de divisão celular denominada meiose.

Fecundação - Duplicação Cromossómica;
Meiose - Redução Cromossómica.

Meiose

A meiose é um processo de divisão celular, a partir do qual uma célula diploide (2n) origina quatro células haplóides (n), isto quer dizer que as células-filhas apresentam metade do número de cromossomas da célula-mãe.

A meiose consiste em 2 divisões sucessivas, designadas divisão I e divisão II.
Na divisão I/divisão reducional: um núcleo diploide (2n) origina dois núcleos haplóides (n).
Na divisão II/divisão equacional: ocorre a separação de cromatideos, obtendo-se, 4 núcleos haplóides (n), cujos cromossomas são constituídos por um cromatideo.


Divisão I da meiose

  • Profase I: é a fase mais longa da meiose em que no início o núcleo aumenta de volume. Os cromossomas sofrem uma espiralizaçao, a qual faz com que se tornem mais grossos, curtos e visíveis.
    Os cromossomas homólogos emparelham num processo denominado Sinapse (estes pares de cromossomas designam-se díadas cromossómicas ou bivalentes).
    Depois começam-se a visualizar dois cromatideos em cada cromossoma dos bivalentes.
    Nos pontos de Quiasma, pode ocorrer troca de informação genética, isto é, quebras e trocas de segmentos entre os cromatideos de cromossomas homólogos. Este fenómeno designa-se sobrecruzamento ou Crossing-over.
    Nas células animais, os centríolos dividem-se e colocam-se em pólos opostos, a partir dos quais se forma o fuso acromático. Finalmente, as díadas cromossómicas deslocam-se para a zona equatorial do fuso.


  • Metafase I: os cromossomas homólogos de cada bivalente dispõem-se aleatoriamente na placa equatorial, equidistantes dos pólos e presos pelos centrómeros às fibras do fuso acromático.
    Ao contrario da metáfase da mitose, não são os centrómeros que se localizam no plano equatorial do fuso acromático, mas sim os pontos de quiasma.


  • Anafase I: os cromossomas homólogos separam-se aleatoriamente e afastam-se para pólos opostos. Esta ascensão polar ocorre devido à retracção das fibras do fuso acromático.
    Cada um dos dois conjuntos cromossómicos que se separam e ascendem aos pólos, para além de serem constituídos por metade do número de cromossomas, possuem informações genéticas diferentes. Este Facto contribui para a variabilidade genética dos novos núcleos que se irão formar.


  • Telofase I: Os cromossomas depois de chegarem aos pólos, começam a sua desespiralização, tornando-se finos e longos.
    Desorganiza-se o fuso acromático e diferenciam-se os nucleolos e as membranas nucleares, formando-se dois núcleos haploides (n).


Divisão II da meiose

Esta divisão é igual a divisão mitótica referida no post anterior, mas no entanto nunca é demais relembrar.

  • Profase II: os cromossomas com dois cromatideos condensam-se. O fuso acromático forma-se, após a divisão do centrossoma. Os cromossomas dirigem-se para a placa equatorial, presos pelo centrómero às fibras do fuso acromático.

  • Metafase II: Os cromossomas dispõem-se na placa equatorial, equidistantes dos pólos e sempre presos pelo centrómero às fibras do fuso acromático.


  • Anafase II: ocorre a divisão do centrómero e dá-se a ascensão polar, os cromatideos do mesmo cromossoma separam-se para pólos opostos. Os dois conjuntos de cromossomas que acabam de se separar são haploídes.


  • Telofase II: os cromossomas atingem os pólos e iniciam a sua desespiralização, tornando-se finos, longos e invisíveis ao microscópio.
    Desorganiza-se o fuso acromático e diferenciam-se os nucleolos e as membranas nucleares, formando-se 4 núcleos haploides.


Figura com as várias fases da meiose:

Aspectos comparativos da mitose e da meiose


Podemos observar através dos gráficos, que ambas as fases são sempre precedidas por uma interfase, durante a qual, no período S a quantidade de DNA duplica por replicação. Posteriormente essa quantidade de DNA é reduzida. Ocorre uma redução para metade na anafase da mitose e na anafase I da meiose. Há uma segunda redução na meiose, durante a anafase II, passando de 2 Q para Q. Assim, no final da mitose cada célula tem metade a quantidade de DNA da célula original e no final da meiose cada célula tem ¼ da quantidade de DNA da célula original.

A meiose difere da mitose em três aspectos fundamentais:
--> Consiste em duas divisões sucessivas, originando 4 núcleos;
--> Cada um dos 4 núcleos é haplóide, contendo metade do número de cromossomas da celula-mãe diplóide;
--> Os núcleos haplóides produzidos contêm combinações génicas inteiramente novas.

Alterações ao nível dos cromossomas - Mutações cromossómicas

Por vezes, durante a meiose, ocorrem erros que levam a alterações na sequência normal dos genes, denominadas mutações genicas. Quando essa alteração envolve um grande número de genes no cromossoma, ou envolve o número de cromossomas, pode mesmo ser observada ao microscópio e denomina-se uma mutação cromossómica.

As Mutações Cromossómicas são anomalias que afectam o número ou a estrutura dos cromossomas e que podem ocorrer durante várias fases da meiose:
- Na divisão I, pela não separação dos cromossomas homólogos
- Na divisão II pela não separação dos dois cromatídeos de cada cromossoma
- No crossing- over.

Existem 2 tipos de mutações cromossómicas:

  • Numéricas: Alteração do número de cromossomas, como é o caso das trissomias e das monossomias. Estas alterações são aquelas que podem ocorrer quer nas divisão I, quer na II. Esta alteração do número de cromossomas ao nivel dos gâmetas, por excesso ou por défice, pode implicar problemas nos indivíduos que resultem do desenvolvimento de ovos em cuja formação esses gâmetas intervieram.

    Dentro das mutações numéricas existem as:
    - Euploidias: são as aberrações numéricas em que pares de cromossomas estão, por inteiro, em excesso ou em falta.
    - Aneuploidias: são defeitos quantitativos que afectam apenas um par de cromossomas homólogos, com componentes a mais ou a menos. Resultam de distúrbios na meiose, durante a formação dos gâmetas.
    Na espécie humana, um exemplo de monossomia é a síndrome de Turner (X0), cujos portadores têm 45 cromossomas nas células somáticas, e falta um dos cromossomas sexuais. São mulheres de baixa estatura e estéreis.


  • Estruturais: Envolvem alterações no número ou no arranjo dos genes, mas manté-se o número de cromossomas.
    Existem 4 tipos de alterações na estrutura de um cromossoma:
    - Delecção: ocorre quando um fragmento cromossómica se perde durante a divisão celular; origina-se assim um cromossoma com falta de um ou mais genes.
    - Duplicação: ocorre quando durante a meiose um fragmento perdido se junta a um cromatídeo, dando origem a uma duplicação de informação.
    - Inversão: ocorre quando um fragmento cromossómico se solta do cromossoma original, voltando a juntar-se a ele mas na posição inversa
    - Translocação: ocorre quando um fragmento perdido se junta a um cromossoma não homólogo.


Em posts anteriores, já se referiu a influência dos agentes externos nas mutações e a sua influência no indivíduo (prejudicial, benefíca, sem efeito). Também já sabemos o quanto as mutações são importantes para a variabilidade genética e consequentemente para a evolução das espécies.

Reprodução sexuada e variabilidade genética

Os processos de meiose e fecundação asseguram a manutenção do número de cromossomas à descendência e contribuem para a variabilidade genética, visto que cada novo indivíduo apresenta mistura de genes paternos e maternos. Assim, os descendentes são semelhantes entre si e ao progenitor, mas não são iguais.

Durante a Meiose:

Durante a meiose o material nuclear foi duplicado uma vez e dividido duas vezes, pelo que cada célula-filha apresenta metade do número de cromossomas da célula diplóide inicial.
No entanto, mais importante que a redução do número de cromossomas é a consequência genética do processo:
-> Na metafase I a orientação ao acaso dos bivalentes causa uma mistura de material materno e paterno pelos dois núcleos filhos;
-> Devido ao crossing-over, cada cromossoma contém genes de origem materna e paterna.

Se a célula inicial apresentar dois pares de cromossomas existirão 4 combinações possíveis, se tiver três pares serão 8 e se forem 4 pares de cromossomas, 16 combinações possíveis. A fórmula geral seráSendo n o número de pares de cromossomas homólogos, o que na espécie humana corresponde a 223 combinações possíveis, ou seja, 8388608 possibilidades.

Neste enorme número de possibilidades ainda não é contabilizado o fenómeno de crossing-over que ocorre na profase I.

Este fenómeno consiste na troca de segmentos de cromatidios de cromossomas, entre cromossomas homólogos e permite combinações de genes paternos e maternos num só cromossoma. Podemos dizer que a meiose assegura a estabilidade do número de cromossomas para a descendência , mas também produz novas recombinações genéticas que permitem a variabilidade das espécies.

Durante a fecundação:

Quando este fenómeno ocorre, o número de possibilidades diferentes de combinações genéticas possíveis do zigoto, é igual ao produto das combinações genéticas possíveis nos 2 gâmetas que se fundem, ou seja a união ao acaso dos gâmetas contribui para a variabilidade genéticas das espécies. Assim, no caso humano o número de diferentes combinações é de: 8388608 x 8388608 por cada ovo formado, não incluindo os fenómenos de crossing-over.

domingo, 9 de novembro de 2008

A Clonagem - Trabalho de Grupo

Este trabalho realizado por Catarina Almeida, Catarina Barata e Helena, teve como objectivo elucidar alguns conceitos da clonagem e as suas variantes. Como este trabalho abrange uma parte da matéria dada, achei importante a sua colocação num post do blog. A clonagem natural já referida num post anterior, não é aqui referida, embora saibamos da sua existência.

O que é a clonagem?
A clonagem é um mecanismo natural ou mecânico de propagação das espécies, no qual são produzidos clones. De acordo com o botânico Herbert Webber (1903) um clone (palavra que deriva do grego “klon” que significa “broto”) é definido como uma população de moléculas, células ou organismos que se originaram de uma única célula e que são idênticas à célula original e entre elas, criados através de reprodução assexuada.
As novas técnicas de manipulação celular de cultura em tecido permitiram a clonagem de muitas plantas e alguns animais. Em humanos, os clones naturais são os gémeos idênticos que se originam da divisão de um óvulo fertilizado.


Tipos de Clonagem - Induzida Artificialmente


-->EM ANIMAIS:

Pode recorrer-se a duas técnicas para a clonagem induzida artificialmente em animais, sendo estas:

1. Separação das células de um embrião no seu estado inicial de multiplicação celular, que produzirá novos indivíduos exactamente iguais em termos do património genético, sendo diferentes de qualquer outro já existente. É um processo semelhante ao que ocorre na natureza quando são gerados gémeos univitelinos, ou seja, que têm origem a partir de um mesmo óvulo e de um mesmo espermatozóide. Este tipo de procedimento já foi realizado, de forma experimental, com embriões humanos, em 1993, pelos pesquisadores norte-americanos Jerry Hall e Robert Stillman.


2. Substituição do núcleo de um óvulo por outro proveniente de uma célula de um indivíduo já existente, dando-se a reprodução assexuada de um indivíduo igual a outro já existente, pela substituição do material nuclear também denominado de duplicação. Este método foi proposto, teoricamente, pelo Prof. Speman, em 1938, mas a primeira experiência com sucesso foi realizada em 1952, pelos Drs. Briggs e Thomas King. Eles obtiveram os primeiros clones de rãs, por substituição de núcleos celulares.


Ovelha Dolly

Em 1996, o escocês Ian Wilmut, conseguiu a proeza de mostrar que era possível a partir de uma célula somática diferenciada clonar um mamífero, tratava-se de uma ovelha da raça Finn Dorset chamada Dolly.
O maior feito dos cientistas, foi fazer com que uma célula adulta se tornasse totipotente de novo. As células-tronco (ou totipotentes) possuem a capacidade de se diferenciarem em diferentes tipos de células. Antes o processo era considerado irreversível.
Este processo de clonagem foi feito através do isolamento de uma célula mamária congelada de uma ovelha da raça Finn Dorset de seis anos de idade. Esta foi colocada numa cultura com baixa concentração de nutrientes. Assim, a célula entrou num estado de latência parando de crescer. Em paralelo, foi retirado o óvulo não fertilizado de uma outra ovelha, da raça Scottish Blackface. Desse óvulo não fertilizado foi retirado o núcleo. Posteriormente, através de um processo de electrofusão ocorreu a união do núcleo da ovelha da raça Finn Dorset com o óvulo sem núcleo da ovelha da raça Scottish Blackface, dando início à divisão celular.
Na fase de oito a 16 células, as células diferenciam-se formando uma massa de células internas originando o embrião propriamente dito. Após seis dias, esse embrião, agora com cerca de 100 células, é chamado de blastocisto. O blastocisto foi colocado no útero de uma outra ovelha da raça Scottish Blackface que funcionou como "barriga de aluguer". Após a gestação, esta ovelha que é escura deu à luz um filhote branquinho da raça Finn Dorset chamada Dolly.

Apesar do sucesso da clonagem, a técnica apresentou alguns erros:
- A ovelha Dolly não era tão idêntica ao doador do núcleo, apesar de herdar da ovelha branca o DNA contido nos cromossomas do núcleo da célula mamária, ela também herdou da ovelha escura o DNA contido nas mitocôndrias e organelos que ficaram no citoplasma das células.
- Com o passar do tempo percebeu-se que a Dolly apresentava as extremidades dos cromossomas diminuídas, gerando isso, um envelhecimento celular precoce. Devido ao envelhecimento, Dolly sofria de artrite no quadril e joelho da pata. Isto ocorre devido ao facto de ela ter sido criada a partir de uma célula adulta de seis anos (idade da ovelha doadora do núcleo), e não de um embrião.
- Os problemas de saúde de Dolly levantam dúvidas sobre a possibilidade prática da clonagem de seres.


Vaca Margarida

Este processo, tal como o da ovelha Dolly deu-se por transferência de núcleos. Neste caso, o núcleo proveio de uma célula muscular de um embrião que se tinha desenvolvido normalmente numa fêmea de um casal de raça seleccionada.
Depois da extracção do núcleo deu-se a injecção deste no óvulo e o ovo foi cultivado in vitro durante algumas semanas, Formou-se o embrião que foi posteriormente transferido para o útero de uma vaca portadora. Após o período de gestação normal, nasceu a vaca Margarida.
Em ambos os casos (Dolly e Margarida) o núcleo que forneceu a informação genética pertencia a uma célula diferenciada, mas neste tipo de clonagem como se retirou a informação da célula muscular de um embrião, a vaca Margarida ao nascer tinha a idade do dador.


--> EM VEGETAIS:




Clonagem Reprodutiva

A clonagem reprodutiva é obtida por implantação de um clone no útero, de forma a que a gestação se complete até ao nascimento do clone.
Quando se pretende clonar um indivíduo, retira-se o núcleo de uma célula de qualquer parte do corpo e insere-se num ovo ou zigoto. Esse ovo foi retirado de um indivíduo fêmea da mesma espécie de onde se destruiu o núcleo. Depois da fusão do núcleo com o ovo, este é colocado numa “barriga de aluguer”, onde decorrerá uma gravidez normal. Nasce então um clone do indivíduo pretendido que terá as mesmas características genéticas do indivíduo «doador».

Tem como objectivo o nascimento de crianças.


Vantagens:
a)A capacidade de criar seres humanos com a mesma informação genética para actuarem como dadores de órgãos;
b)O beneficio de estudar a diferenciação celular ao mesmo tempo que a clonagem é estudada e desenvolvida;
c)Os casais inférteis terão a possibilidade de ter filhos com a informação genética de um dos pais e poderiam, assim, deixar de ser usadas as técnicas actuais de fertilização in vitro, produzindo, deste modo, indivíduos relacionados a eles mesmos.

Desvantagens:
a)Técnica de baixa eficiência;
b)Vários fetos morrem durante a gestação ou logo após o nascimento;
c)Grande número de anomalias;
d)Envelhecimento precoce;
e)Os clones seriam maiores do que o normal;
f)Lesões hepáticas, tumores e baixa imunidade.


Clonagem Terapêutica

Na clonagem terapêutica, o objectivo não é implantar o clone no útero mas sim aproveitá-lo, numa fase ainda inicial do seu desenvolvimento (na fase de blastocisto) para lhe retirar as células internas, que serão cultivadas artificialmente. Estas células totipotentes, ou seja, que podem ser diferenciadas em vários tipos de células do organismo, chamam-se células estaminais embrionárias.
Podem ser utilizadas no intuito de restaurar a função de um órgão ou tecido, num organismo de criança ou adulto, transplantando novas células para substituir as células perdidas por doença, ou substituir células que não funcionam adequadamente devido a defeito genético (ex: doenças neurológicas, diabetes, problemas cardíacos, etc.). Esta técnica viria a substituir os transplantes e teria a vantagem de não necessitar de tratamentos do transplantado para evitar a rejeição, no caso do clone ser obtido a partir do organismo do doente.

Tem como objectivo a obtenção de tecidos ou órgãos destinados a fins médicos.


Vantagens:
a)A possibilidade de renovação da actividade de células danificadas, substituindo por células novas crescidas em cultura;
b)A capacidade de criar seres humanos com a mesma informação genética, actuando assim como dadores de órgãos;
c)O tratamento de doenças incuráveis, tais como Parkinson, doenças cardíacas, Alzheimer, paralisia, acidentes vasculares cerebrais, a diabetes e mesmo o cancro, através de uma técnica de transplante de células estaminais;
d)Acabar com o sofrimento originado por deficiências genéticas.

Desvantagens:
a)A clonagem de um ser humano para doar órgãos, tirando-lhe a vida;
b)A morte dos embriões utilizados no processo.


Técnica do DNA recombinante

A tecnologia do DNA recombinante permite criar novas combinações de material genético, capaz de ser herdado, a partir de moléculas de DNA que podem ser de diferentes origens.
A criação destas combinações, é feita recorrendo a uma estratégia denominada clonagem de genes, que utiliza como ferramentas biológicas principais as enzimas de restrição, que actuam como umas “tesouras”, para cortar o DNA, a DNA ligase, que liga esse DNA fragmentado e os vectores de clonagem que funcionam como veículos para a introdução e transmissão da nova informação genética às novas gerações celulares.
Para tal, as moléculas de rDNA, construídas de novo, são introduzidas em organismos hospedeiros adequados, de modo a serem transmitidas às novas gerações.
Após a introdução das moléculas de rDNA nas células hospedeiras há que proceder à selecção, das colónias que são constituídas por células idênticas que contém o rDNA pretendido. Este é constituído pelo vector de clonagem no qual o fragmento de DNA de interesse foi inserido.


Esta técnica tem sido cada vez mais desenvolvida e é usada com muitas finalidades. Algumas destas finalidades são:
–A produção da insulina;
–A produção de algumas proteínas do sangue;
–A produção de hormonas do crescimento;
–A produção de alguns tipos de activadores das defesas orgânicas para o tratamento do cancro, como tumores;
–A criação de vacinas sintéticas contra: malária e hepatite B;
–A criação e desenvolvimento de biotecnologias para a pesquisa segura de substâncias cuja manipulação envolve alto risco biológico: vacinas que se preparam com vírus infecciosos, onde pode existir o risco de vazamento incontrolado;
–Teste de paternidade.




Conclusão

Para concluir podemos afirmar que, com este trabalho não só reforçamos os nossos conhecimentos em relação a clonagem, como nos tornamos pessoas conscientes em relação a polémica existente em torno deste assunto. Isso permitiu que cada uma de nós formasse uma opinião concreta sobre o tema.
Assim, podemos dizer que se por um lado, através da clonagem podem existir grandes vantagens para o ser humano, por outro lado, este processo pode um dia tornar-se de tal forma incontrolável que poderá num futuro não muito longínquo vir a prejudicar o ser humano, de uma forma inimaginável.

Reprodução nos seres vivos - Assexuadamente

A reprodução é uma das características exclusivas dos seres vivos. É a capacidade que os seres vivos têm de originar outros seres portadores de uma informação genética semelhante à dos progenitores.
É através da reprodução que o material genético é transmitido de geração em geração, umas vezes mantendo as características, outras produzindo algumas alterações. A perpetuação das espécies depende da sua adaptação ao meio ambiente. Quando essa adaptação é perfeita, a reprodução deverá manter e perpetuar essas características. Porém, se, por alteração do meio, as condições deixarem de ser favoráveis, a sobrevivência das espécies estará dependente da sua capacidade de adaptação ao novo ambiente.

Existem dois tipos fundamentais de reprodução:

  • Reprodução assexuada -> intervém um único progenitor. Neste caso não existe junção das duas células sexuais ou gâmetas. Por isso, os descendentes são geneticamente iguais aos progenitores.

  • Reprodução sexuada -> caracteriza-se pela junção de dois gâmetas de indivíduos diferentes, na maioria. A esta fusão dá-se o nome de fecundação. Daqui resulta uma única célula, ovo ou zigoto, no qual se recombina o material genético proveniente dos dois gâmetas.

Reprodução assexuada

Este tipo de reprodução, que se caracteriza pelo facto de os descendentes se desenvolverem a partir de uma célula ou de um conjunto de células do progenitor (todos os indivíduos são geneticamente iguais) leva a que, a partir de um só indivíduo possam formar-se numerosos indivíduos geneticamente idênticos, designando-se este agregado por clone. A produção destes indivíduos designa-se por clonagem.
A monotonia que se verifica na descendência é consequência do processo de divisão celular que está na base da reprodução assexuada — a mitose.
Só excepcionalmente podem surgir diferenças entre descendentes e progenitor ou seja, quando por acaso ocorre uma alteração genética (mutação).

Existem vários tipos de reprodução assexuada, sendo os mais comuns:

  • Bipartição ou Cissiparidade -> Esta divisão simples ou divisão binária, consiste na separação de um organismo em dois indivíduos de tamanho semelhante, que crescem e atingem as dimensões do progenitor.
    Este tipo de reprodução ocorre em seres vivos unicelulares, como os protozoários (amiba), e também em muitos invertebrados, como as anémonas.

  • Gemulação ou Gemiparidade -> Nesta divisão dão-se a formação de expansões, chamadas gomos ou gemas, na superfície da célula ou do indivíduo que, ao separarem-se, dão origem aos novos indivíduos, geralmente de menor tamanho que o progenitor.
    A gemulação ocorre em seres unicelulares (leveduras) e seres pluricelulares (anémona do mar e hidra de água doce).



  • Esporulação -> Neste caso formam-se as células reprodutoras, os esporos, que em condições favoráveis, germinam dando origem, cada um, um novo indivíduo. Os esporos são formados em estruturas especiais, os esporângios, e possuem uma camada protectora muito espessa, pelo que são muito resistentes, mesmo em ambientes desfavoráveis.
    São exemplos de esporulação os fungos como o bolor do pão e a penicillium e as plantas como os fetos.



  • Fragmentação -> Neste caso obtêm-se vários indivíduos a partir da regeneração de fragmentos de um indivíduo progenitor. No fundo consiste na divisão do corpo do organismo progenitor em várias partes e cada uma dessas partes é capaz de regenerar as partes em falta. Este tipo de reprodução ocorre em animais como esponjas, estrelas-do-mar, e algas.


  • Partenogénese -> Neste caso, dá-se o desenvolvimento de um indivíduo a partir de um óvulo não fecundado. Este tipo de reprodução assexuada ocorre nas abelhas, pulgões, nalguns peixes, anfíbios, répteis e na dáfnia.



  • Multiplicação vegetativa -> Este tipo de reprodução exclusivo das plantas. Ocorre por vários processos, podendo este agrupar-se em dois grandes grupos: a multiplicação vegetativa natural e a multiplicação vegetativa artificial.
    Neste processo que ocorre nas plantas, as estruturas vegetativas das mesmas, como as raízes, caules ou folhas, são modificadas, originando novos indivíduos.
    Por agora irei só referir os tipos de multiplicação vegetativa natural que são:
    · Folhas: Quando certas plantas desenvolvem pequenos propágulos nas margens das folhas. Cada um deles é uma plântula em miniatura, que cai ao solo, dando origem a uma planta adulta.



    · Estolhos: Quando se produzem plantas novas a partir de caules prostrados (caídos) chamados estolhos. Cada estolho parte do caule principal e vai dar origem a várias plantas novas. O caule principal morre assim que as novas plântulas desenvolvem as suas próprias raízes e folhas.



    · Rizomas: Quando certas plantas possuem caules subterrâneos alongados e ricos em substâncias de reserva. Estes caules, denominados rizomas, permitem à planta sobreviver em condições desfavoráveis, ainda que a parte aérea morra. Os rizomas têm a capacidade de alongar-se, originando gemas, que se diferenciam em novas plantas.



    · Tubérculos: São caules subterrâneos e volumosos ricos em substâncias de reserva. Os tubérculos possuem gomos com capacidade germinativa, os quais dão origem a novas plantas.



    · Bolbos: São caules subterrâneos que possuem um gomo terminal rodeado por camadas de folhas carnudas, ricas em substâncias de reserva. Quando as condições se tornam favoráveis, formam-se gomos laterais, que se rodeiam de novas folhas carnudas, e originam novas plantas. Alguns dos bolbos mais conhecidos são a cebola e a túlipa.

Os tipos de multiplicação vegetativa artificiais serão referidos posteriormente.


VÍDEO: