domingo, 1 de março de 2009

Ocupação antrópica e problemas de ordenamento - Zona de Vertente


As zonas de vertente são locais de desnível da topografia terrestre, que podem ter um declive mais ou menos acentuado, encontrando-se muito expostas à acção intensa e rápida dos fenómenos erosivos. Devido às suas características, é frequente ocorrer nestas zonas movimentos descendentes de materiais do solo ou de materiais rochosos.
As alterações verificadas nas zonas de vertente devem-se, essencialmente, a duas causas naturais:
  • erosão hídrica, provocada pela água da chuva;
  • movimentos de terrenos.

O vento pode também causar as alterações que se verificam nas zonas de vertente.


Erosão Hidríca

A erosão hídrica que ocorre nas zonas de vertente processa-se de forma mais ou menos lenta e gradual, resultando do desgaste dos solos provocado essencialmente pelas chuvas, que constituem assim o principal agente erosivo nestes locais.
O impacto das gotas consiste na primeira fase de erosão hídrica; a água acumula-se e vai-se deslocando através do terreno inclinado, provocando ainda mais erosão.



Erosão Eólica

Em certas zonas de vertente o vento constitui também um agente erosivo, que actuando sobre as rochas, por vezes em conjunto com alguns sedimentos, funciona como uma lixa que as vai desgastando.


Movimento de Terrenos/ Movimentos em Massa

Os movimentos de terrenos correspondem a situações em que ocorre a movimentação de grandes massas de materiais sólidos. Esta movimentação pode ocorrer de forma muito lenta, quase imperceptível, ou, como acontece mais frequentemente, de forma brusca.
A ocorrência dos movimentos de terrenos está condicionada por causas naturais e por causas antrópicas, que podem, por sua vez, estar relacionadas com factores condicionantes e com factores desencadeantes.


Acção da gravidade sobre um bloco rochoso

Factores condicionantes

Os factores condicionantes correspondem a condições mais ou menos permanentes que podem influenciar os movimentos de terrenos, retardando ou acelerando a sua ocorrência. Os movimentos de terreno são, antes de qualquer outro factor, fortemente condicionados pela força da gravidade.
Os factores que condicionam a ocorrência de qualquer movimento de massa estão relacionados com:

  • o contexto geológico;
  • as características geomorfológicas do local.

Lista com marcasNo campo do contexto geológico, é importante ter em conta os seguintes factores condicionantes que influenciam a existência de movimentos de massa:

  • tipo e características das rochas consituintes da zona;
  • orientação e inclinação das camadas constituintes da zona;
  • o grau de alteração e fracturação das rochas consituintes da zona;
  • a presença/ausência de vegetação.

Focando-nos agora nas características da vertente em questão e das rochas que a constituem, podemos afirmar que o tipo de rocha e as suas características são factores determinantes na possibilidade de se dar um movimento de massa, pois:
- rochas que apresentem uma menor resistência a fracturas (ex. rochas com foliação) tendem a quebrar-se (quando sujeitas a uma força de determinada intensidade) e a originar um movimento de massa;
- a existência de fracturas e poros nas rochas vai facilitar a acção dos agentes de meteorização e erosão.
Quanto maior o grau de inclinação da vertente mais se vai fazer sentir a acção da força gravítica, que é aplicada a todas as partículas independentemente da sua distância ao solo.
A cobertura vegetal além de funcionar como um elemento de agregação do solo, desempenha um papel protector, defendendo a zona de vertente contra a erosão, diminuindo os seus efeitos sobre as vertentes. Na ausência desta cobertura a zona de vertente encontra-se mais sujeita à acção da meteorização e da erosão facilitando a ocorrência de movimentos de massa.


A presença da água em certos constituintes rochosos da vertente (por exemplo, as argilas) pode provocar a diminuição da coesão entre estes (meteorização química: dissolução/hidratação), contribuindo para a sua erosão.

Quanto à geomorfologia do terreno o declive, em conjunto com a gravidade, revela-se como o principal factor que influencia o deslocamento de massas.


Factores desencadeantes

Os factores desencadeantes resultam de alterações que foram introduzidas numa determinada vertente e que podem provocar movimentos em massa.
Exemplos de factores desencadeantes são:

  • a precipitação (intensa e pouco tempo ou moderada e prolongada);
  • a acção humana (remoção da vegetação, construção de estradas ou construções);
  • a actividade sísmica (as vibrações podem levar as formações rochosas instáveis a derrocadas;
  • as tempestades nas zonas costeiras (queda de grandes blocos rochosos);
  • as variações de temperatura (contracção e a dilatação dos materiais rochosos).

Quer a acção das chuvas, quer a acção do homem são os factores de maior relevo no que diz respeito ao desencadeamento de movimentos de massa.

Dentro da acção do homem, a destruição da cobertura vegetal é determinante, pelo papel protector que esta desempenha. As plantas constituem um elemento de fixação do solo e como tal quando são destruídas, a erosão processa-se de forma mais rápida e com efeitos mais devastadores. Uma outra acção do Homem, capaz de desencadear movimentos de massa, resulta da remoção dos terrenos para abertura de novas estradas ou construções.
Dentro da acção da precipitação, existem factores que alteram o equilíbrio em que se encontram as formações rochosas, tais como as elevadas precipitações que ocorrem num curto período de tempo e também as precipitações moderadas que ocorrem durante um período de tempo prolongado.


As fortes vibrações provocadas pelos sismos causam instabilidade, podendo até provocar deformações rochosas (falhas, por exemplo) que por sua vez também podem levar a um movimento de massas. Estas vibrações sísmicas são ainda potenciais causadoras de desmoronamentos de formações rochosas que se encontram em posições mais instáveis.
Quanto às tempestades que ocorrem nas proximidades de zonas costeiras, acabam por constituir um factor de erosão mais acelerada (chuva e vento fortes e intensos). Em zonas costeiras instáveis esta acção torna-se mais relevante, uma vez que provoca desmoronamentos mais facilmente, nomeadamente de rochas de grandes dimensões. Numa vertente constituída por diferentes camadas, a erosão das camadas mais inferiores (mais antigas) pode provocar o desabamento das camadas localizadas acima (mais recentes).

Os deslocamentos de massas podem ainda ocorrer, com uma certa facilidade, em locais onde existam falhas. Quando sujeitas a dobras, as massas rochosas encontram-se sob a acção duma meteorização e erosão mais fortes, além de o declive da zona ser alterado.

Como já foi referido, os movimentos em massa podem ser provocados por causas naturais ou antropológicas.
Os factores naturais envolvidos nos movimentos em massa são:

  • Gravidade;
  • Inclinação dos terrenos;
  • Tipo e características das rochas (disposição no terreno, orientação, grau de alteração);
  • Quantidade de água no solo;
  • Acontecimentos bruscos, como sismos ou tempestades.

As acções humanas que favorecem os movimentos em massa:

  • Destruição da cobertura vegetal dos terrenos, com consequente aumento da erosão do solo;
  • Remoção descontrolada de terrenos para urbanização ou construção de estradas;
  • Saturação dos terrenos por excesso de irrigação.

Medidas de prevenção

Os movimentos em massa podem ser responsáveis por prejuízos materiais significativos e, mesmo, perda de vidas humanas. Neste sentido, todas as medidas que possam ser adoptadas para minimizar, ou mesmo anular, este risco geológico, assumem um papel muito importante. Entre estas medidas, destacam-se, por ordem de eficácia e da razão custo/benefício, as seguintes:

1. Estudo das características geológicas e geomorfológicas de um local, para avaliação do seu potencial para a ocorrência de um movimento em massa.
2. Elaboração de cartas de ordenamento do território, com a definição das áreas onde possam ser exercidas as diferentes actividades humanas (zonas habitacionais, zonas agrícolas, zonas ecológicas, vias de comunicação, etc.).
3. Elaboração de cartas de risco geológico, onde se evidenciem as áreas com diferentes graus de probabilidade de ocorrência de movimentos em massa.

Se a probabilidade de ocorrência de um movimento em massa for considerada elevada, pura e simplesmente não deve ser autorizada, para aquele local, qualquer tipo de construção. Trata-se de um local de risco geológico elevado.
Noutros locais, de menor risco geológico, poderão ser autorizadas actividades humanas, mas, mesmo assim, devem ser acompanhadas de um projecto de engenharia que permita diminuir a probabilidade de ocorrência de um movimento de massa.

Nesta situação pode ser preconizada mais uma medida:
4. Remoção ou contenção (pregagens, muros de suporte ou outras) dos materiais geológicos que possam constituir perigo.


1 comentário:

Anónimo disse...

esta cena ta memo bacana soce