quarta-feira, 25 de março de 2009

Rochas sedimentares, Arquivos históricos da Terra



Reconstituição de Paleoambientes

As rochas sedimentares são, normalmente, estratificadas e contêm a maioria dos fósseis.
A Estratificação é a estrutura mais comum das rochas sedimentares e resulta da deposição de sedimentos, por acção da gravidade. À sucessão de estratos atribui-se a designação de sequência estratigráfica.
A estratificação reflecte as alterações que ocorreram na Terra e os fósseis contam a história da evolução da vida e dão informações acerca dos ambientes do passado (paleoambientes).
Nas juntas de estratificação, ocorrem frequentemente marcas que testemunham a existência de pausas ou de interrupções na sedimentação:
-->Marcas de ondulação (ripple marks) – as marcas de ondulação que se observam em praias actuais aparecem preservadas em alguns arenitos antigos, dando-nos informação sobre o ambiente sedimentar em que a rocha se gerou, sobre a posição original das camadas e sobre a direcção das correntes que as produziram.

--> Fendas de dessecação ou fendas de retracção – estas fendas, que frequentemente se observam em terrenos argilosos actuais, aparecem muitas vezes conservadas em rochas antigas.

--> Marcas das gotas da chuva – muitas vezes patentes em rochas antigas, com aspecto idêntico ao que acontece na actualidade.


--> Pegadas, pistas de reptação, fezes fossilizadas – fornecem informações sobre ambientes sedimentares do passado e sobre hábitos dos animais, tipos de alimentação, etc.

Todas estas características tornam as rochas sedimentares fundamentais na reconstituição da História da Terra, aplicando o princípio das causas actuais ou princípio do actualismo. Segundo este princípio pode-se explicar o passado a partir do que observa actualmente, ou seja, as causas que provocaram determinados fenómenos no passado são idênticas às que provocam o mesmo tipo de fenómenos no presente.

Os fósseis e a reconstituição do passado

Os fósseis são vestígios de seres vivos ou da sua actividade que, num determinado momento, viveram no nosso planeta. A existência de partes duras nos organismos e a sua inclusão imediata em sedimentos finos são factores que favorecem a fossilização. Os fósseis que permitem datar as rochas ou estratos em que estão presentes designam-se fósseis de idade. Estes fósseis pertencem a organismos que viveram à superfície da Terra, durante um período relativamente curto e definido do tempo geológico, e que tiveram uma grande área de dispersão. Quando os fósseis permitem inferir o ambiente de formação da rocha em que se encontram, designam-se por fósseis de fácies.

Fáceis da rocha- Conjunto de características litológicas e fossilíferas de um estrato sedimentar. Diferentes tipos de fáceis correspondem a diferentes ambientes sedimentares.
Fósseis de fácies – fósseis de seres característicos de determinados ambientes – que viveram apenas em condições do meio muito restritas.



Processos de fossilização

--> Mumificação: Os organismos ou partes deles são preservados sem alteração ou com pequenas modificações. Este processo acontece quando o organismo é totalmente envolvido num meio asséptico, como resina fóssil ou âmbar, gelo, alcatrão…

--> Moldagem : O organismo ou partes dele imprimem um molde em sedimentos finos que o envolvem ou preenchem.
Molde interno – os sedimentos preenchem a concha que, posteriormente, é dissolvida, ficando apenas o molde.
Molde externo – a concha imprime o molde da superfície externa nos sedimentos, sendo depois removida. Podem ainda formam-se contramoldes dos moldes externos e internos.

--> Mineralização: As partes duras (esqueletos, ossos, dentes) são conservadas por substituição da matéria orgânica por matéria mineral.

--> Marcas: Pegadas, marcas de reptação, fezes fossilizadas que constituem evidências da existência do ser vivo que deixou essa marca.

--> Impressão: tipo de moldagem originada por órgãos achatados, como asas de isectos e folhas de plantas.

Datação relativa das rochas

A datação relativa permite a determinação da ordem cronológica de rochas sedimentares (geograficamente afastadas ou não) – faz – se aplicando conjuntamente determinados princípios, que se seguem.

--> Princípio da sobreposição – Numa sequência estratigráfica sedimentar não deformada, os estratos mais antigos são os que localizam por baixo e os mais recentes são os que se localizam por cima.

--> Princípio da continuidade (lateral) – Um estrato sedimentar permanece lateralmente igual a si próprio ou varia de um modo contínuo. Ou seja, se se reconhecer que as rochas que se querem datar estão intercaladas em camadas que se reconhecem como idênticas, pode estabelecer-se uma correlação entre as rochas intercaladas, mesmo que de um afloramento para o outro, a natureza da rocha varie (diferentes condições de sedimentação nos locais).

--> Princípio da identidade paleontológica – Admite que os grupos de fósseis aparecem numa ordem definida e que se pode reconhecer um período do tempo geológico pelas características dos fósseis. Estratos que apresentem fósseis idênticos são da mesma idade. Estes são fósseis de idade, correspondentes a seres vivos que viveram durante intervalos de tempo curtos e que tiveram uma grande área de dispersão.



As amonites e as trilobites são bons fósseis de idade, pois, atendendo à idade da Terra, cerda de 4600 M.A, elas sobreviveram apenas durante escassos M.A – as trilobites viveram no Paleozóico e as amonites no Mesozóico.

--> Princípio da intersecção – Toda a estrutura que intersecta outra é mais recente do que ela.

-->Princípio da inclusão – Os fragmentos de rocha incorporados noutra rocha são mais antigos do que a rocha que os engloba.
A aplicação conjunta destes princípios permite estabelecer relações de idade entre rochas sedimentares geograficamente afastadas, imprescindíveis na compreensão da história de uma região.

As discordâncias estratigráficas ou lacunas são as descontinuidades no registo geológico, marcadas pela ausência de estratos, devido à não ocorrência de sedimentação no local ou à erosão de estratos que existiam.

Escala do tempo geológico




Eras: Paleozóico, Mesozóico, Cenozóico

1 comentário:

Anónimo disse...

Adorei, está muito bom mesmo!!! :D