domingo, 14 de dezembro de 2008

Argumentos do evolucionismo

Foram dados vários contributos das diferentes áreas científicas na fundamentação e consolidação do conceito de evolução, entre eles destaca-se:


Dados da Anatomia Comparada:

O desenvolvimento de sistemas de classificação para ordenar a grande diversidade de seres vivos conduziu à necessidade de estudar as semelhanças morfológicas. Desta forma, surgiu a Anatomia Comparada.
Animais aparentemente diferentes apresentam semelhanças anatómicas o que sugere a existência de um ancestral comum, com um plano estrutural idêntico ao apresentado por todos os seres vivos que dele terão derivado.
A Anatomia Comparada tem fornecido dados que apoiam o Evolucionismo, revelando a existência de órgãos homólogos, análogos e vestigiais nos indivíduos estudados.

Órgãos ou estruturas homólogas:
- função diferente;
- plano estrutural semelhante;
- mesma posição;
- origem embriológica idêntica.

A homologia é interpretada como resultado da selecção natural efectuada sobre indivíduos que conquistaram meios ambientais diferentes.
Evolução divergente, dado que se verifica a divergência de organismos a partir de um grupo ancestral comum que colonizou diferentes habitats e, por isso, sofreu pressões selectivas distintas.
A selecção natural operada sobre as estruturas originais selecciona aquelas que permitem uma melhor adaptação dos indivíduos ao habitat colonizado.
Ex.: membros anteriores do esqueleto do cavalo, morcego, homem, ave, gato e baleia; sistema nervoso central de um peixe cartilagíneo, peixe ósseo, réptil, mamífero inferior, mamífero superior.

As estruturas homólogas permitem construir séries filogenéticas, que traduzem a evolução dessas estruturas em diferentes organismos (progressivas (apresentam uma complexidade crescente – mais simples para mais complexo) ou regressivas (os órgãos
homólogos tornam-se, progressivamente, mais simples).

Órgãos ou estruturas análogas:
- estrutura e origem embriológica diferente;
- mesma função.

Terão resultado de pressões selectivas idênticas sobre indivíduos de diferentes grupos, que conquistaram meios semelhantes.
Evolução convergente – os indivíduos têm origens distintas; contudo, quando sujeitos a condições ambientais semelhantes, foram seleccionados os que apresentavam estruturas que, embora anatomicamente diferentes, desempenhavam funções semelhantes.
Ex.: cauda da baleia e barbatana caudal dos peixes; asas dos insectos e das aves; caules e folhas dos cactos e das eufórbias.

Órgãos ou estruturas vestigiais:
São órgãos atrofiados, que não apresentam uma função evidente nem importância fisiológica num determinado grupo de seres vivos.
Porém, noutros grupos, estes órgãos podem apresentar-se bem desenvolvidos e com significado fisiológico, isto é, funcionais.
A existência de órgãos vestigiais pressupõe a existência de um ancestral comum.
Ex. de órgãos vestigiais no Homem:
- caninos, apêndice, músculos das orelhas, cóxis (evolução regressiva).
Dados da Paleontologia:

A Paleontologia estuda os fósseis (partes ou vestígios de seres vivos que viverem em épocas geológicas diferentes).
A grande maioria dos seres vivos, quando morre, não sofre fossilização. Este processo só ocorre em condições excepcionais. Deste modo, a Paleontologia depara-se com diversas limitações.
Árvores filogenéticas representações gráficas do percurso evolutivo de um determinado grupo, partindo do seu ancestral, até às formas actuais.
Além da reconstituição da filogenia de determinado grupo, a Paleontologia fornece outros argumentos a favor da evolução.
Um conjunto de fósseis especialmente interessante, do ponto de vista evolutivo, são os fósseis de formas intermédias ou sintéticas.
Estes apresentam características que existem, na actualidade, em pelo menos dois grupos de seres vivos.
- Archaeopteryx – este fóssil revela a existência de asas e penas, característica das Aves e, simultaneamente, dentes e uma longa cauda com vértebras, características do Répteis.
Algumas formas intermédias correspondem a pontos de ramificação que conduziram à formação de novos grupos taxonómicos, e permitem construir árvores filogenéticas parciais formas fósseis de transição
- Ichthyostega – reúne características dos Peixes e dos Anfíbios actuais.
Recentemente, foram descobertos fósseis de transição, que estabelecem a ligação entre os ancestrais das baleias (mamíferos terrestres) e as baleias actuais.

Dados da embriologia:

A Embriologia diz-nos que para os mesmos estádios de desenvolvimento existem analogias entre os indivíduos. Logo, é provável que haja um ancestral comum entre eles.
A partir de um padrão muito semelhante nos estados iniciais, vão-se formando estruturas características dos adultos de cada espécie. Nos indivíduos pertencentes a espécies mais complexas, esse padrão sofre, geralmente, um maior número de modificações (quanto mais complexo é o animal, mais tempo demora a adquirir a forma definitiva, partindo desse padrão comum inicial).

Dados da Biogeografia:

A Biogeografia analisa a distribuição geográfica dos seres vivos. Esta ciência conclui que as espécies tendem a ser tanto mais semelhantes quanto maior é a sua proximidade física e, por outro lado, quanto mais isoladas, maiores são as diferenças entre si, mesmo que as condições ambientais sejam semelhantes.

Dados da Citologia:

Pelo facto de se considerar que todos os organismos são constituídos por células, e que a célula é a sua unidade estrutural e funcional, isto remete para a ideia de que existe uma base comum para todos os seres vivos.
Esta concepção de unidade funcional e estrutural entre os seres vivos, constitui, assim, uma prova fundamental a favor de uma origem comum e, consequentemente, da existência de um processo evolutivo.

Dados da Bioquímica:

A Bioquímica é uma das ciências que teve uma notável evolução nos últimos anos. Os dados bioquímicos têm contribuído para o estudo do processo evolutivo. Entre provas bioquímicas que apoiam o evolucionismo destacam-se:
- o facto de todos os organismos serem constituídos pelos mesmos compostos orgânicos (glícidos, lípidos, prótidos e ácidos
nucleicos);
- a universalidade do código genético com a intervenção do DNA e do RNA no mecanismo de síntese proteica.

Assim, as variações entre seres apresentam uma gradação, sugerindo uma continuidade evolutiva (quanto mais afastados filogeneticamente se encontrarem dois organismos, mais diferem na sequência de DNA, na sequência de proteínas e, portanto, nos processos metabólicos que essas proteínas controlam). Como tal existem 3 processos que permitem fazer uma comparação bioquímica entre seres (e consequentemente estabelecer uma relação filogenetica), sendo estes:

  • Análise das proteínas: As proteínas são as moléculas mais numerosas no corpo dos seres vivos, condicionando, com a sua sequência de aminoácidos específica, as características fenotípicas desses mesmos seres. Deste modo, é de prever que quanto maior a proximidade evolutiva entre dois seres, maior seja a semelhança nas suas proteínas.
    Estudos sobre a molécula da insulina, uma hormona produzida pelo pâncreas formada por duas cadeias polipeptídicas, revelaram que as várias moléculas características das espécies teriam derivado, por pequenas mutações, de um ancestral comum.
    Estudo semelhante foi realizado com o citocromo C, uma proteína respiratória que se encontra em todos os seres aeróbios. No decurso da evolução, mutações alteraram aminoácidos em determinadas posições mas todas as espécies têm uma estrutura e função semelhantes. Assim, a ideia de Darwin de que todas espécies estariam ligadas por árvores filogenéticas tem apoio neste tipo de estudo pois mesmo entre seres tão distantes evolutivamente como o Homem e uma bactéria podem ser encontradas proteínas comuns. As proteínas são produtos da informação contida no DNA, pelo que estes estudos podem ser ainda mais precisos estudando a própria fonte dessa informação;
  • Análise do DNA: A evolução reflecte as alterações hereditárias ocorridas ao longo das gerações. Geralmente os estudos com DNA pretendem avaliar o grau de divergência entre espécies com ancestrais comuns. Estes estudos utilizam a técnica da hibridação do DNA. Procede-se inicialmente á desnaturação das cadeias de DNA. Essas cadeias “desenroladas” são recombinadas com outras de espécie diferente, previamente isoladas e marcadas radiactivamente - hibridação. O grau de hibridação é proporcional ao grau de parentesco entre as espécies;
  • Reacções imunológicas /dados sorológicos – as reacções sorológicas permitem determinar o grau de afinidade entre as espécies em estudo, baseando-se na reacção anticorpo-antigénio. O sistema imunitário de um qualquer indivíduo reconhece como estranhas proteínas diferentes das suas, respondendo com a produção de anticorpos específicos. Os anticorpos são proteínas produzidas nos leucócitos, como resposta á introdução no meio interno de um indivíduo de uma substância estranha, o antigene. A reacção antigene-anticorpo é específica, ou seja, as duas moléculas são complementares, daí resultando a inactivação do antigene e a formação de um precipitado visível. Deste modo, quanto maior a afinidade entre o antigene e o anticorpo, maior a reacção e maior o precipitado.
    A base destes estudos é que quanto mais afastada evolutivamente uma espécie se encontra de outra, maior o número de proteínas diferentes e, consequentemente, maior a intensidade da reacção imunitária. A adição de anti-soro humano (contendo anticorpos específicos para as proteínas do sangue humano), por exemplo, ao sangue de vários animais, permite avaliar o parentesco entre o Homem e esses animais, através do grau de aglutinação (quanto maior o grau de aglutinação, maior a reacção, maior o parentesco).
    Como se obtém o anti-soro humano ? Injecta-se num coelho soro humano, para que este produza, nos seus glóbulos brancos, anticorpos anti-humanos e os lance na corrente sanguínea. O soro retirado desse coelho vai conter anticorpos específicos para as proteínas do soro humano, ou seja, é um anti-soro humano.


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