domingo, 14 de dezembro de 2008

Cooperação pode ser forma de sobrevivência

Fonte: Diário de Notícias
Autor: Helder Robalo

O britânico Kevin Foster defende, ao contrário da teoria desenvolvida por Charles Darwin, e seguida durante séculos, que a cooperação entre elementos da mesma ou diferentes espécies pode ser a melhor forma de o grupo se desenvolver. Teoria que apresentou sexta-feira passada no Porto.


Foster faz alerta para falhas na teoria de Darwin.

Está assente na sociedade actual a teoria da evolução das espécies desenvolvida por Charles Darwin, cujo princípio reside na ideia de que só os melhores indivíduos de uma espécie conseguem sobreviver. Teoria que Darwin aplicou sobretudo ao nível biológico, mas que, com o passar dos anos, acabou por ser aplicada também ao nível da competição económica e social.

Porém, ao longo dos anos, cientistas houve que afirmaram que a teoria darwinista continha pontos inexplicáveis. Tal visão é actualmente seguida pelo britânico Kevin Foster. No entender deste jovem cientista de 32 anos, que tem dado continuidade ao trabalho desenvolvido por William Hamilton, existem casos de cooperação entre indivíduos que não encaixam no princípio básico de Darwin. Por isso mesmo, Foster defende que o altruísmo é uma das formas que a natureza encontra para se valer a si mesma. Contrariando, desta forma, a "lei do mais apto", derivada da visão original de Darwin. Uma nova abordagem que, no entender de alguns elementos comunidade científica internacional, poderá pôr em marcha o repensar das sociedades actuais.

Isso mesmo procurou demonstrar sexta-feira, num simpósio subordinado ao tema "Homeostasia, a luta pelo equilíbrio?", realizado no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), no Porto. Durante o discurso Kevin Foster frisou que "a cooperação está em todo o lado". "Os genes juntaram-se nos genomas, as células trabalham juntas nos organismos multicelulares e os animais cooperam nas sociedades", defendeu o jovem cientista. Que lembra, porém, que esta é uma tese que afronta a teoria darwinista da competição como melhor estratégia para o sucesso.Para melhor clarificar a tese, Foster exemplificou com experiências realizadas em laboratório e cujos resultados, afirmou, comprovam que a cooperação entre elementos da mesma espécie é a melhor forma de sobreviverem. Cooperação que, defendeu, em alguns casos, é levada ao extremo e só através do sacrifício as células conseguem sobreviver.
Um dos exemplos que Kevin Foster usa parte do caso do corpo humano, em que as células são geneticamente idênticas pelo que não há qualquer conflito nas tarefas que cada uma tem de desempenhar no organismo. Porém, defende o sociobiólogo britânico, existem grupos que não contêm matéria genética idêntica, pelo que não se justificaria esta cooperação entre espécies.

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